JOÃO LOURENÇO PEDE AJUDA A EDUARDO DOS SANTOS

João Lourenço, o recandidato do MPLA às eleições gerais de 24 de Agosto, sempre acompanhado pelo Presidente da República e pelo Titular do Poder Executivo, apelou hoje aos angolanos a votarem no partido que está no Poder há 46 anos para vencer o acto eleitoral, justificando que é “a melhor forma de honrar a memória do presidente José Eduardo dos Santos” a quem, durante o primeiro mandato, tratou por marimbondo e apunhalou pelas costas.

João Lourenço, líder do MPLA, começou hoje o seu discurso de lançamento da campanha eleitoral, em Camama, província de Luanda, enaltecendo os feitos do antigo presidente do partido, que morreu no dia 8 de Julho, em Barcelona, Espanha.

Segundo João Lourenço, o lançamento da campanha ocorre num momento em que os militantes do MPLA e de forma geral os angolanos “ainda sentem a dor do desaparecimento físico do camarada presidente José Eduardo dos Santos”, o tal que – recorde-se – para além de marimbondo teria deixado os cofres vazios.

“Nosso presidente emérito, um grande filho de Angola, que dedicou toda a sua juventude e muitos anos de governação em momentos muito difíceis que o nosso país atravessou, mas soube dirigir o país com sabedoria e, sobretudo, acabar com a guerra que ameaçava destruir o nosso país”, referiu o cabeça-de-lista do MPLA, tentando facturar sobre o real sentimento de dor que muitos dos eleitores sentem em relação a José Eduardo dos Santos.

O líder do MPLA, que concorre a um segundo mandato, salientou ainda que a José Eduardo dos Santos os angolanos devem “a paz e a reconciliação” que o país vive já há 20 anos “e que é um bem precioso” para o desenvolvimento do país.

“Aproveito esta oportunidade para salientar o civismo e o respeito demonstrado pelos angolanos de uma forma geral e por todos aqueles estrangeiros que se quiseram juntar à nossa dor, durante os cerca de sete dias que decorreram as homenagens ao presidente José Eduardo dos Santos”, frisou João Lourenço a propósito do “velório” sem corpo que foi mais uma forma de João Lourenço mostrar o seu nanismo enquanto estadista que não é.

“Mas a vida continua, a maior alegria dele será ver o seu MPLA ganhar estas quintas eleições gerais em Angola. Esta é a melhor forma que temos de honrar a memória do presidente José Eduardo dos Santos”, acrescentou.

José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, morreu, no dia 8 de Julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos. Duas facções da família dos Santos, uma das quais pressionada até à exaustão, disputam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficará com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.

De um lado está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições para evitar aproveitamentos políticos que, como hoje se viu, é a principal estratégia do MPLA, na versão João Lourenço.

Do outro está a viúva Ana Paula dos Santos (apoiada em todas as frentes pelo governo de João Lourenço) e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicam também o corpo e querem que este seja enterrado em Angola nos próximos tempos, de acordo com o calendário eleitoral que mais for conveniente pelo MPLA.

Esta pretensão é, de facto, apoiada pelo Governo que anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, mas teve de se contentar com sete dias de luto nacional e um velório a uma fotografia, enquanto a disputa prossegue nas instâncias judiciais, a quatro dias do início da campanha para as eleições gerais, tornando-se num facto político que está a marcar a corrida eleitoral.

Em entrevista na semana passada a meios de comunicação social afectos ao regime, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, que lidera a delegação que representa o Estado na batalha (jurídica) de Barcelona, general Francisco Furtado, mostrou-se confiante num desfecho favorável, salientando que os cidadãos angolanos e a comunidade internacional querem ver “o problema resolvido”.

“Toda a Nação angolana quer a presença do seu antigo líder no país para lhe render a merecida homenagem”, disse Francisco Furtado, sublinhando que se as autoridades espanholas tiverem em conta as razões que levaram o ex-Presidente a Barcelona “não haverá outro desfecho que não seja o regresso do corpo para Luanda”.

A campanha eleitoral para as quintas eleições gerais angolanas, que se realizam em 24 de Agosto, começou hoje oficialmente.

Folha 8 com Lusa

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